Por Wladisleny Duarte
Por Wladisleny Duarte

Tendência Passageira ou Modelo Sólido de Gestão?

Nos últimos anos, o termo ESG sigla que engloba os princípios de Governança, Ambiental e Social, tem ganhado destaque no cenário corporativo e financeiro global. Refere-se a um conjunto de critérios utilizados para medir o impacto das atividades de uma empresa em três áreas principais, como citado anteriormente. O crescimento da atenção para o tema levanta a questão: seria essa uma tendência passageira ou um modelo consolidado e duradouro de gestão? Sua história remonta ao início dos anos 2000.

O conceito de ESG remonta ao início dos anos 2000, quando o termo foi introduzido pela primeira vez em um relatório da ONU intitulado "Who Cares Wins" (2004). Esse relatório foi o resultado de uma iniciativa do Pacto Global das Nações Unidas, em parceria com o Banco Mundial que buscava integrar fatores ambientais, sociais e de governança na análise financeira e nas decisões de investimento.  São 24 anos desde a mobilização da ONU sobre o tema, e desde então, o ESG evoluiu de um conceito teórico para um pilar fundamental na gestão de empresas e investimentos.

O ESG se tornou essencial para as organizações por várias razões, sendo algumas delas:

  • As avaliações de riscos e a reputação. Empresas que negligenciam aspectos ambientais, sociais e de governança estão mais suscetíveis a riscos reputacionais e legais. Um escândalo de governança ou um desastre ambiental pode ter impactos devastadores, principalmente financeiros.
  • Acesso a capital, investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, estão cada vez mais exigindo que as empresas adotem práticas ESG para receber investimentos. Segundo o relatório ESG Radar 2023 (Infosys; NISE:INFY) os investimentos em ESG nas organizações devem chegar a US$ 53 trilhões até o ano de 2025 — um terço dos ativos globais sob gestão.
  • Preferência do consumidor, especialmente as gerações mais jovens, preferem marcas que demonstrem um compromisso genuíno com a sustentabilidade e responsabilidade social.

Esse modelo de gestão gera benefícios tanto para a empresa, quanto para a sociedade.

Para a empresa podemos citar a: Redução de custos, práticas sustentáveis podem resultar em economia de recursos, um exemplo é a eficiência energética e a redução de resíduos que podem diminuir despesas operacionais. Outro benefício é o engajamento dos colaboradores, eles tendem a se sentir mais motivados e engajados em empresas que demonstrem um compromisso com questões sociais e ambientais e por último, mas não menos importante, a vantagem competitiva, empresas com fortes práticas ESG podem diferenciar-se no mercado, atraindo clientes e investidores que valorizem essas práticas.

O resultado para a sociedade de uma gestão comprometida verdadeiramente com os indicadores de ESG são: Desenvolvimento da sustentabilidade ambiental, reduzindo o impacto no meio ambiente, postura de justiça social promovendo a diversidade, equidade, inclusão e uma governança robusta com transparência e ética na condução dos seus negócios.

Implementar uma estratégia ESG eficaz requer um compromisso de longo prazo e pode ser dividido nos seguintes passos:

Avaliação Inicial: Realizar uma avaliação inicial para entender o status atual das práticas ESG na empresa.

Definição de Metas: Estabelecer metas claras e mensuráveis para cada uma das áreas: Governança, Meio Ambiente e Social.

Engajamento das Partes Interessadas: Envolver todos os stakeholders, incluindo colaboradores, investidores, fornecedores e clientes, para obter suporte e feedback contínuo.

Integração na Estratégia Corporativa: Integrar as metas e práticas ESG na estratégia geral da empresa.

Monitoramento e Relatórios: Implementar sistemas de monitoramento para acompanhar o progresso e relatar os resultados de forma transparente.

Para os incrédulos, de acordo com um levantamento realizado pela ESG Radar 2023, no qual foram ouvidos mais de 2,5 mil executivos e gerentes de todo o mundo, de empresas com faturamento superior a 500 milhões de dólares por ano, cada aumento de 10% nos investimentos em ESG pode resultar em um crescimento de 1% nos lucros das corporações.

O ESG está longe de ser uma moda passageira. As evidências apontam para uma consolidação deste modelo como um padrão de gestão indispensável para o futuro das empresas. Integrar práticas ligadas a esse modelo de gestão não só protege contra riscos, mas também abre novas oportunidades para crescimento e inovação sustentável. Portanto, ao invés de questionar se o ESG é uma moda ou um modelo consolidado, as organizações devem se perguntar como podem integrar esses princípios de maneira eficaz para garantir um futuro mais sustentável e justo para todos.

*Wladisleny Duarte é Consultora Empresarial – Inteligência Sustentável, especialista em Responsabilidade Socioambiental, especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, especialista em Gestão e Mediação de Conflitos, ex-conselheira no Conselho Temático de Responsabilidade Social – FIEG (2012-2015), diretora adjunta do Comitê de Responsabilidade Social – SINDUSCON (2024-2026), diretora de cursos e pesquisas pela Associação de Diplomados pela Escola Superior de Guerra – ADESG-GO e auditora.  Mais de 18 anos de experiência em consultoria em diagnóstico e planejamento estratégico com ênfase em indicadores de sustentabilidade/ESG; estudos de impacto ambiental; gestão de projetos socioambientais e comunicação social estratégica.

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