O trabalho na construção: de patinho feio a bola da vez

O trabalho na construção: de patinho feio a bola da vez

O mercado de trabalho da construção civil está rapidamente abandonando o posto de repositório dos analfabetos e sem qualificação. Migra, célere, para se transformar num setor de mão de obra qualificada, com expectativa de carreira e uma média salarial bem acima de dois salários mínimos e subindo.

A pujança do mercado imobiliário, em particular na cidade de Goiânia, turbinada paradoxalmente pela pandemia e por uma taxa de juros naquele momento abaixo de 3%, trouxe a contratação de entrantes a níveis somente vistos em 2012. O ritmo mensal positivo do setor em Goiás tem se mantido resiliente em 1200 vagas. A construção, que significa 20% da indústria no estado, está gerando 43% das vagas e contrata mais que o comércio e quase o mesmo que o agronegócio. Os números do CAGED em julho apontam a criação de 8400 vagas em 2023, quase o mesmo que durante todo o ano de 2022, indicando um ritmo sustentado e robusto de crescimento.

Um sinal amarelo pisca insistente, no entanto: a dificuldade de contratação está cada vez maior, com as empresas não conseguindo preencher as vagas disponíveis. A avaliação do nosso setor é de que este é o novo cenário do mercado de trabalho, com trabalhadores mais exigentes, menos fiéis às empresas, buscando constantemente condições salariais melhores e ambientes de trabalho mais atraentes. Neste sentido o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás) tem produzido boas parcerias com o sistema Sesi-Senai no sentido da qualificação contínua dos colaboradores. Também tem promovido uma sequência de eventos tecnológicos na busca objetiva da industrialização e pré-fabricação da construção, além da mecanização intensiva e a digitalização. O caminho que teremos que trilhar com sofreguidão será o mesmo de todos os países que enriqueceram: diminuição drástica da necessidade de esforço físico, velocidade construtiva e alta produtividade.

Concomitantemente, nossas empresas associadas apostam na retenção pela melhoria do ambiente de trabalho. Uma das iniciativas mais vitoriosas é o Seconci (Serviço Social da Indústria da Construção), uma entidade criada e mantida pelas construtoras de Goiás que fornece atendimento médico e odontológico de primeira linha, com mais de 90 mil atendimentos por ano. Muitas outras ações de responsabilidade social nas empresas são interessantes como a formação escolar continuada dentro dos canteiros, academias de ginástica, teatros, bibliotecas e ginástica laboral. Os canteiros se transformando, portanto, em um bom lugar para se trabalhar.

Interessante observar uma pesquisa conduzida pelo setor com apoio do IEL e do SEBRAE que quando o trabalhador é perguntado se é feliz no trabalho da construção civil 94% respondem que sim. Outro aspecto da pesquisa que chama a atenção é a melhoria do nível educacional com 53% do efetivo com ensino médio completo. Em 2011 eram 23%, uma evolução quase surpreendente.

Igualmente importante observar que enquanto desde a pandemia os materiais é que pressionaram os custos da construção, produzindo um descasamento tanto do CUB (Custo Unitário Básico) como do INCC (Índice Nacional dos Custos da Construção) em relação ao IPCA o que fez subir o preço dos imóveis em mais de 50%. Agora, por outro lado, a mão de obra é que pressionará os custos do setor, puxando inexoravelmente os preços para cima.

Também imperioso verificar que um aspecto importante da escassez da mão de obra é a informalidade. Na construção é uma realidade estupefaciente: enquanto, no Brasil, temos 2,6 milhões de trabalhadores formais, outros 4,6 milhões estão fora do sistema. Fácil inferir a quantidade de problemas sociais advindos disso, principalmente os de longo prazo, com milhões de pessoas buscando a previdência e as proteções sociais sem nunca ter contribuído.

A construção, enfim, sempre estará preparada para os desafios do desenvolvimento do país. A volta forte do programa Minha Casa Minha Vida e as novas obras de infraestrutura, em especial as resultantes do Marco do Saneamento, tracionarão mais ainda a expansão do setor, que tem sido desde 2020 de quase o dobro do PIB nacional. Estamos caminhando, felizmente, para um longo período de crescimento sustentado. Para isso, no entanto, é imperioso que baixem os juros, que seja observado o arcabouço da segurança jurídica, que o FGTS e a poupança sejam preservados e que o crédito seja farto e suficiente. Mãos à obra!

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